Constelação Familiar – Dar demais pode ser muito ruim

Esses dias, durante um atendimento, a cliente trouxe a seguinte questão:
(As informações foram modificadas para preservar a identidade da pessoa)
Ela possui uma empresa e mencionou que sempre fez de tudo para seus funcionários, oferecendo mais do que o necessário, mas no final, eles sempre a processam ou saem com raiva, o que a deixa muito mal.
O caso atual é que uma funcionária tem gerado muitos problemas, batendo de frente com ela e apresentando comportamento imaturo e agressivo.
A cliente me disse a seguinte frase: “Eu faço de tudo para eles e dou até mais do que eles precisam”. E foi exatamente aí que eu parei para refletir.
E por que isso acontece?
Uma das ordens do amor fala sobre a necessidade de equilíbrio no dar e no tomar. Ou seja, eu dou um pouco e o outro me dá um pouco. Quando dou demais, até mais do que o outro espera ou do que foi acordado, crio uma dívida no outro, e ele, por não poder retribuir, acaba reagindo com raiva ou até indo embora.
No caso da cliente, ela está oferecendo mais do que o combinado e não percebe que ultrapassa os limites. Quando se trabalha em uma relação de empregador e empregado, o que regula isso é a CLT e o salário pago pelo trabalho. Quando a gestora faz mais do que o acordado, ela cria um desequilíbrio.
A segunda frase da cliente reforça isso:
Perguntei o motivo de ela dar mais do que o combinado, e ela respondeu: “Ah, coitada, ela tem tão pouco…”
Aqui entra um ponto importante que gosto de trabalhar com meus pacientes: a dó. Toda vez que sentimos dó de alguém, colocamos um olhar acima da pessoa e pressupomos que estamos em uma posição melhor. Isso nos enfraquece diante dela e, muitas vezes, também enfraquece a relação.
Eu sou contra sentir dó, pois isso nos coloca em uma posição de superioridade. O mais adequado é a compaixão, que permite agir de maneira mais equilibrada e respeitosa. Na dó, ficamos paralisados, enquanto na compaixão, podemos realmente ajudar.
Voltando à situação da cliente:
Apesar de não se tratar de uma constelação familiar, convidei a cliente a retomar o seu lugar de gestora e devolver à colaboradora o seu lugar de colaboradora. Cada um deve ocupar o seu papel.
Se ela tiver sentimentos confusos e distorcidos, isso precisa ser trabalhado internamente – seja por meio de terapia, constelação ou outras formas de cuidado. Mas é importante que ela pare de se colocar acima de qualquer pessoa.
Cada um dá o que tem e o que pode. Precisamos aceitar e respeitar isso. O fato de ela ter muito e querer agradar demais a funcionária acaba enfraquecendo a relação e até criando um ambiente hostil. Ao tentar restabelecer a ordem com agrados e coisas além do combinado, ela perde o respeito pela relação de trabalho.
A lição aqui é: vamos dar o que foi combinado – nem mais, nem menos, apenas o que foi combinado.
Marilice Everton Zanato
Facilitadora de Constelação Familiar com Bonecos
Contato 11-9-6989-0331
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