Constelação Familiar – Medo de viver
Atualizado: 13 de abr. de 2021
Este texto faz parte de uma série de textos que irá explicar um pouco como uma Constelação Familiar Individual é realizada.
Cliente me procura para realizar constelação familiar e as questões apresentadas são as seguintes:
Necessidade de se libertar da influência da mãe;
Culpa grande de sair de casa e deixar a mãe só;
Medo de viver;
Medo de envelhecer;
Saudade do pai.
Peço para a cliente me contar um pouquinho de sua história familiar e história pessoal.
Ela me conta sua história com muitos detalhes e informações e fico pensando como poderia auxiliar, dada a complexidade de informações.
Pergunto novamente qual a questão que ela deseja constelar, dada a complexidade de informações apresentadas e ela resume: Problema da culpa de sair de casa e não deixar a mãe sozinha.
(Os detalhes desta história são: Mãe dela se envolveu com um rapaz casado no passado e engravidou dele. Ela é fruto dessa história de amor. A esposa do pai descobriu e amaldiçoou o nascimento dela. Depois disso, a mãe se envolveu com um outro rapaz que assumiu a paternidade dela. Ela descobriu na adolescência que o homem que criou e amou ela, não era seu verdadeiro pai. Ela decidiu conhecer o pai no final da adolescência, porém foi um encontro sem envolvimento que deixou ela decepcionada / Aos três anos de idade ela perdeu uma irmã adolescente, mas não se recorda muito bem desta história).
(Uma informação importante é: enquanto ela contava a história dela, eu observei que um boneco estava com aspecto de choro (uma mancha no boneco que não existe nele), o que nós consteladores consideramos informações do campo e que devem ser levadas em consideração, porém eu não contei para a cliente esta informação).
Iniciamos a constelação.
Peço para ela escolher um boneco que representasse ela. Ela escolhe exatamente o boneco que estava com aspecto de choro. Ela encontra uma certa dificuldade para encontrar um lugar para este boneco.
Peço para escolher um boneco que representasse o pai e ela posiciona longe, na quina da mesa.
Peço para ela escolher um boneco que representasse a mãe, e ela demora também um pouquinho para encontrar a posição, mas escolhe colocar bem em frente a boneca que representava ela.
Eu me levanto para olhar os bonecos e convido ela para olhar de longe o que podia ser observado. Ela concorda que a boneca que representava ela estava olhando para mãe, mas de canto de olho a boneca dela também estava olhando em direção ao pai que estava distante e de costas.
Eu tenho a impressão que ainda faltava um elemento a ser colocado no sistema, e peço para ela escolher um boneco que representava a irmã que ela havia perdido com três anos de idade e era adolescente na época.
Ela coloca a boneca exatamente ao lado dela, de pé. E chora com forte emoção ao fazer isso.
Eu sabia que a posição não estava correta, mas deixei para que ela pudesse reverenciar e honrar esta irmã. O sistema acabou demonstrando que por amor, ela estava presa a história da irmã e que para proteger a mãe do sofrimento, acabou escolhendo seguir o destino da irmã, anulando-se.
Fizemos as reverências e depois que ela sentiu o peito leve, eu posicionei a irmã de maneira a representar um morto. Ela chorou como uma criança neste momento. Falamos mais algumas frases e ela deixou a irmã seguir o destino dela. E ela também poderia viver a vida dela, pois este era o destino dela.
Depois reverenciamos o pai e a esposa dele, pois ela faz parte da história da cliente. Deixando claro que essa história diz respeito aos pais e ela nada tem a ver com isso.
Reverenciamos a mãe dela e colocamos ordem no sistema, de maneira que ela seja a filha e a mãe seja a mãe.
Ela disse ter sentido grande alivio e leveza ao fazer este movimento.
Encerramos a constelação.
Obs. Lembrando que a Constelação Familiar não tem intenção de curar ou “livrar” ninguém de seus problemas ou questões, ela tem por objetivo trazer a luz ao problema, e permitir que o constelado pense a respeito e tome as decisões que melhor lhe convirem a partir deste processo.
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